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22/10/2019

Você tem que assistir: Fleabag


Fleabag já estava na minha listinha por indicação da galera do podcast Um Milkshake Chamado Wanda e meus amigos, que indicação! 

Dirigida e estrelada por Phoebe Waller Bridge, a série conta a história de uma jovem londrina, que não possui nome, mas que possui uma vida que poderia ser a minha, a sua ou a de uma conhecida. A personagem se encontra entre o meio termo de ''sou um mulherão da porra, faço o quero'' com ''estou completamente perdida e desesperada''. 

Dona de um café com decoração de porquinho da Índia, com a vida sexual ativa, um humor incompreendido e mil dilemas da vida adulta, desde contas que não fecham, à pai que namora a madrinha que se aproximou da família após a morte de sua mãe, nossa jovem tenta viver a vida da forma que dá, principalmente depois do suicídio acidental de sua melhor amiga. 



O que mais me encantou na série é o diálogo que a personagem faz com nós, telespectadores, a cada vez em que olha pra câmera e simplesmente nos conta as coisas. É como se, tirando sua irmã, somos a única amiga que ela possui, e como acabamos nos identificando com alguns de seus dilemas, parece que em algum momento, ela é a nossa única amiga também, que nos compreende e está ali quando precisamos, sem julgamentos, apenas para ouvir e vez ou outra, darmos boas risadas. A ausência de um nome para a mesma também me faz pensar como a série é incrível, pois meio que fica algo de ''pode ser qualquer um, então o nome não importa''. 

A série nasceu como um stand-up escrito e atuado pela Waller-Bridge, em 2013 para um festival na Escócia. Chamou a atenção da BBC  e entrou para a TV inglesa em 2016. Hoje, pode ser encontrada na Amazon Video. Possui duas temporadas de muitos sorrisos, mas também muitas lágrimas, o que chega a ser irônico, já que é tão curta. 



Para além de me identificar com certos conflitos da vida da personagem, me sentir tão próxima, devido a quebra da quarta parede (termo que vem do teatro para explicar a parede imaginária que separa os atores do público), me fez relembrar que tudo bem a vida estar não estar da maneira como esperávamos. Sempre fui a louca das listas e dos planos, e desde que tenho adentrado essa nova fase da vida, o ''ser adulto'', nada tem saído como planejado. E para a virginiana que sou, o peso das coisas fora do lugar ou do roteiro, sempre é muito maior. Mas tá tudo bem, porque nunca vai ser como a gente planeja. Ou as vezes até vai, mas o caminho para chegar no nosso pote de ouro - muitas vezes repleto só de pequenos, mas preciosos, segundos de paz - vai ser diferente do que pensamos. E tá tudo bem, de verdade. O mais importante é aproveitarmos o caminho e aprendermos ele.

Vale a pena ficar de olho nessa grande roteirista e atriz inglesa. Por isso, indico mais duas séries suas, que foram criadas durante as temporadas de Fleabag, Crashing, disponível na Netflix, e Killing Eve, disponível no GloboPlay - que também pretendo assistir em breve. Phoebe já tem um próximo projeto chamado ''Run'', que sairá pela HBO. 

17/10/2019

O show tem que continuar

A data da última postagem deste blog marca o dia 12 de maio de 2017. Lembro de estar no início do terceiro do ensino médio, surtando com a vida adulta que estava por vir e o vestibular no final do ano. E pensando, como sempre, que nenhuma das tristezas que me afligiam naquele momento iriam passar. Mas elas passaram, e aqui estou, dois anos depois.

Voltar com o blog é como voltar a reescrever um diário - e talvez, seja isso mesmo que eu esteja precisando. Assim como ele foi necessário há anos atrás, quando um término de relacionamento me dilacerou e pensei que nunca mais iria sobreviver - drama de adolescente -, está sendo nesse momento, quando a vida adulta me arrebatou e casou uma grande confusão aqui dentro - drama dos vinte anos.

O ''Por favor, Julia'' continuará com a sua essência que incluí resenhas literárias, filmes, séries, música, textos e o que mais me der na telha. Mas agora, com uma Julia um pouco mais crescida, e também, muito mais perdida. E claro, com todas as descobertas desse novo mundo que tenho adentrado desde que os 18 bateram a porta, ou melhor, desde que a faculdade passou a fazer parte da minha rotina, ou melhor, desde que todo mês tem chegado uma fatura de cartão de crédito pra mim. Ou seja, desde que a vida adulta me chamou e mesmo não sendo correspondida, me levou consigo.

É bom estar de volta!

12/05/2017

Sobre querer demais, sobre ser de menos e talvez um adeus com um quê de desculpas

Leia ao som de Meu coração e o seu.

Era um dia frio de julho, férias, um edredom, uma nova série. Foi entre as colchas, o antigo quarto do Heitor e a tela quebrada do meu notebook que tive a excelente ideia de criar o blog. Ele era mais uma distração para aquela tristeza que parecia ser infinita. E ele foi uma ótima distração. Juntos nós vimos o mundo de uma forma diferente. Ele me mostrou quem eu era, quem eu queria ser, quando eu estava prestes a me perder. E ele tomou minha cara, minha face. A Julia de ontem, de hoje e quem sabe a de amanhã. Aqui todos os sonhos foram possíveis e tudo foi bonito, sabe? 

Não sei se perceberam, mas o ''Por favor, Julia'' nunca foi para postar um texto, divulgar uma ideia, um livro. Ele era e sempre foi o meu diário, onde eu compartilhei meus segredos mais íntimos e os meus desejos mais intensos. Onde falei sobre o que queria, da forma que queria e encontrei uns loucos que se identificaram. Aqui as coisas sempre tomavam forma e a tristeza sumia a cada novo post - publicado ou não. Com o tempo ele cresceu, ganhou até mesmo um ''.com'', ganhou um nome, ganhou mais gente, ganhou uma cara e quando vi era a ''Por favor, Julia''. Virou identidade. Viramos um só. 

Foram dois anos e quando olho para trás... UAU! Sempre tenho a impressão que foram mais, sabe? É que ele me fez crescer. Ele cresceu comigo. E isso foi incrível! Mas chega uma hora que a gente tem que acalmar.

Enquanto rolava meu feed do Facebook li uma publicação sobre as pessoas cobrarem demais uma presença de gente que não ''sabe'' ser tão presente assim, sabe? E eu acho que nunca me identifiquei tanto com meia dúzia de palavras. Eu não consigo ser tão presente assim. E eu realmente espero que você entenda. 

Não é que eu não me importe. Não é que eu não sinta. Não é que eu não ame. Eu só não consigo ser presença durante grande parte do dia, imagina ele inteiro, imagina todos eles ao longo do mês, do ano. Eu não consigo. E eu estou cansada de ver isso como um defeito meu por só ter cobranças baseadas em ''você sumiu'' que no fundo escondem um ''você não se importa''. 

Já pararam pra pensar que nem todo mundo gosta de estar junto cem por cento do tempo? Que nem todo mundo se sente bem com o contato físico a todo momento? Que nem todo mundo sente, pensa e vive do mesmo jeito que você? 

Não estar presente todo santo dia não quer dizer que a gente não se importe. As vezes, só estamos em um momento ruim. As vezes, não gostamos de contato físico com tanta frequência. As vezes, eu só quero ficar quietinha para ajeitar umas coisas.

Tudo que me cobra demais, me afasta. E o blog vem me cobrando demais. As pessoas vem me cobrando demais. Os dias, as noites, a vida. Tudo cobra demais, quanto mais a gente cresce. E é por isso que decidi dar um tempo.

E não, não é ''dar um tempo'' como em relacionamentos. Eu vou voltar. Talvez eu me sinta mal no sábado e corra para cá, para o meu diário aberto. Talvez eu volte só nas férias quando as coisas tiverem mais calmas. Ou talvez eu volte daqui uns anos, mas eu vou voltar.

Só que antes de dar esse tempo precisava dar uma justificativa para quem acompanha desde o início, para quem chegou agora, para eu mesma. Eu preciso desse tempo. Nós precisamos desse tempo.

''Por favor, Julia'', se dê um tempo.

Espero que entendam que não posso continuar com algo que indiretamente me cobra mais do que posso dar. Espero que entendam que não sei lidar com cobranças extremas. Espero que entendam que todos os pequenos momentos são ''para sempre''. E que lembrem-se, tudo o que tivemos até aqui foi bonito, mas é hora dos versos se recolherem para se transformarem em poemas mais bonitos.

08/04/2017

Ser eu



Ser eu
é estar em conflito 
com tudo e com todos. 

Ser eu

é tão incertezas 
até nas certezas.

Ser eu 

é tão complicado,
difuso
que tem hora que eu desisto
de ser quem sou.

Ser eu 

é ser momentâneo
e fazer disso
uma obrigação.

Ser eu 

é se afundar em oceanos poluídos
e do nada, 
sentir O2 de volta no corpo.
E do nada, 
ver a luz do sol.

Ser eu 

é tão profundo
que me sinto rasa
e me deixo levar na onda pessimista
porque ninguém se afunda em pouca água.
Engano meu.

Ser eu

é ficar na zona de conforto
que você jamais se sentiu confortável.

Ser eu,

ter eu,
ganhar eu,
perder eu,
à eu, o outro eu. 


07/04/2017

Alucinação

 
Corremos em silêncio,
As ruas estão vazias,
O dia está frio e nublado,
Todas as casas estão abandonadas,
Rimos e rimos e rimos ainda mais.
Tudo é nosso aqui,
Nada pode nos machucar,
Somos infinitudes,
Presos no mundo não real,
No mundo ideal.
Onde nossos sonhos se encontram na esquina,
Onde nossos pés encostam descalços na grama fria,
No céu cinza de um sábado de abril,
Chove e suas lágrimas agora tem companhias,
O sol prata no céu reflete seu sorriso,
Estão cantando todas as músicas que queremos.
Todas as flores em seu cabelo,
Se enraízam em mim,
Seus espinhos me perfuram,
Me fazem sangrar,
Seu perfume me cura,
Me acalma,
E me dopa.
Seus olhos me alucinam,
Os mais insanos sonhos,
Sua boca me canta pecados,
E agora tudo é insólito.
Seu beijo,
Na chuva,
Como já estava anunciado,
Suas raízes que me atavam forte,
Seu sorriso que me paralisava,
Me mantem aqui.
Agora,
E sempre,
Alucinado.