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12/05/2017

Sobre querer demais, sobre ser de menos e talvez um adeus com um quê de desculpas

Leia ao som de Meu coração e o seu.

Era um dia frio de julho, férias, um edredom, uma nova série. Foi entre as colchas, o antigo quarto do Heitor e a tela quebrada do meu notebook que tive a excelente ideia de criar o blog. Ele era mais uma distração para aquela tristeza que parecia ser infinita. E ele foi uma ótima distração. Juntos nós vimos o mundo de uma forma diferente. Ele me mostrou quem eu era, quem eu queria ser, quando eu estava prestes a me perder. E ele tomou minha cara, minha face. A Julia de ontem, de hoje e quem sabe a de amanhã. Aqui todos os sonhos foram possíveis e tudo foi bonito, sabe? 

Não sei se perceberam, mas o ''Por favor, Julia'' nunca foi para postar um texto, divulgar uma ideia, um livro. Ele era e sempre foi o meu diário, onde eu compartilhei meus segredos mais íntimos e os meus desejos mais intensos. Onde falei sobre o que queria, da forma que queria e encontrei uns loucos que se identificaram. Aqui as coisas sempre tomavam forma e a tristeza sumia a cada novo post - publicado ou não. Com o tempo ele cresceu, ganhou até mesmo um ''.com'', ganhou um nome, ganhou mais gente, ganhou uma cara e quando vi era a ''Por favor, Julia''. Virou identidade. Viramos um só. 

Foram dois anos e quando olho para trás... UAU! Sempre tenho a impressão que foram mais, sabe? É que ele me fez crescer. Ele cresceu comigo. E isso foi incrível! Mas chega uma hora que a gente tem que acalmar.

Enquanto rolava meu feed do Facebook li uma publicação sobre as pessoas cobrarem demais uma presença de gente que não ''sabe'' ser tão presente assim, sabe? E eu acho que nunca me identifiquei tanto com meia dúzia de palavras. Eu não consigo ser tão presente assim. E eu realmente espero que você entenda. 

Não é que eu não me importe. Não é que eu não sinta. Não é que eu não ame. Eu só não consigo ser presença durante grande parte do dia, imagina ele inteiro, imagina todos eles ao longo do mês, do ano. Eu não consigo. E eu estou cansada de ver isso como um defeito meu por só ter cobranças baseadas em ''você sumiu'' que no fundo escondem um ''você não se importa''. 

Já pararam pra pensar que nem todo mundo gosta de estar junto cem por cento do tempo? Que nem todo mundo se sente bem com o contato físico a todo momento? Que nem todo mundo sente, pensa e vive do mesmo jeito que você? 

Não estar presente todo santo dia não quer dizer que a gente não se importe. As vezes, só estamos em um momento ruim. As vezes, não gostamos de contato físico com tanta frequência. As vezes, eu só quero ficar quietinha para ajeitar umas coisas.

Tudo que me cobra demais, me afasta. E o blog vem me cobrando demais. As pessoas vem me cobrando demais. Os dias, as noites, a vida. Tudo cobra demais, quanto mais a gente cresce. E é por isso que decidi dar um tempo.

E não, não é ''dar um tempo'' como em relacionamentos. Eu vou voltar. Talvez eu me sinta mal no sábado e corra para cá, para o meu diário aberto. Talvez eu volte só nas férias quando as coisas tiverem mais calmas. Ou talvez eu volte daqui uns anos, mas eu vou voltar.

Só que antes de dar esse tempo precisava dar uma justificativa para quem acompanha desde o início, para quem chegou agora, para eu mesma. Eu preciso desse tempo. Nós precisamos desse tempo.

''Por favor, Julia'', se dê um tempo.

Espero que entendam que não posso continuar com algo que indiretamente me cobra mais do que posso dar. Espero que entendam que não sei lidar com cobranças extremas. Espero que entendam que todos os pequenos momentos são ''para sempre''. E que lembrem-se, tudo o que tivemos até aqui foi bonito, mas é hora dos versos se recolherem para se transformarem em poemas mais bonitos.

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