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25/11/2015

O Brasil e eu

Escrever na primeira pessoa nunca foi um problema muito grande para mim. O incômodo começa quando conjugar o verbo passa a exigir uma honestidade que não pode ser entregue através de personagem alguma. Pois bem, o destino brincou com meu amor de patriota incorrigível, e me trouxe para a outra América, para a neve, para os esquilos. Nunca antes fui tão brasileira. Tenho um coração verde e amarelo que bate no ritmo acelerado de samba não só perante ao grito de gol de Galvão Bueno, mas perante à vida. Tenho dentro de mim a baiana que roda, a carioca do corpo dourado e a sulista de olho azul. Sou a mineira que preserva dentro de si a doçura e a meiguice, a sertaneja que acorda com o sol para capinar, sempre com um sorriso no rosto, agradecendo a Deus pelo dom da vida. Sou arara, muriçoca e jaguatirica. Sou Carnaval, Reveillón e Festa Junina. Sou fé. Sou mistura e diversidade. Sou esperança. Sou Brasil.


E hoje, já cansada de ver a mim mesma na tela de meu telefone, resolvi trocar a imagem. Encontrei, em meus arquivos antigos, uma foto tirada não sei por quem, capturando toda a beleza do meu Rio de Janeiro. Um sorriso saudoso chegou ao canto de minha boca. Meu olho fez que lacrimejaria, mesmo estando em público. Agora, o tempo marcado pelo telefone contempla o Cristo Redentor. Assim como meu coração. 


Lavínia Travassos

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