Escrever na
primeira pessoa nunca foi um problema muito grande para mim. O incômodo começa
quando conjugar o verbo passa a exigir uma honestidade que não pode ser
entregue através de personagem alguma. Pois bem, o destino brincou com meu
amor de patriota incorrigível, e me trouxe para a outra América, para a neve,
para os esquilos. Nunca antes fui tão brasileira. Tenho um coração verde e
amarelo que bate no ritmo acelerado de samba não só perante ao grito de gol de
Galvão Bueno, mas perante à vida. Tenho dentro de mim a baiana que roda, a
carioca do corpo dourado e a sulista de olho azul. Sou a mineira que preserva
dentro de si a doçura e a meiguice, a sertaneja que acorda com o sol para
capinar, sempre com um sorriso no rosto, agradecendo a Deus pelo dom da vida.
Sou arara, muriçoca e jaguatirica. Sou Carnaval, Reveillón e Festa Junina. Sou
fé. Sou mistura e diversidade. Sou esperança. Sou Brasil.
E hoje, já
cansada de ver a mim mesma na tela de meu telefone, resolvi trocar a imagem.
Encontrei, em meus arquivos antigos, uma foto tirada não sei por quem,
capturando toda a beleza do meu Rio de Janeiro. Um sorriso saudoso chegou ao
canto de minha boca. Meu olho fez que lacrimejaria, mesmo estando em público.
Agora, o tempo marcado pelo telefone contempla o Cristo Redentor. Assim como
meu coração.


Leitura saborosa, que deixa um gostinho de quero mais!
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