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04/08/2015

O Dia Em Que Eu Aceitei Os Meus Quase Setenta

  Desde pequena eu tenho problemas com o meu corpo. Não que meu corpo seja ruim, sabe? Eu costumo possuir o mesmo peso que muitas garotas por aí possuem mas sempre que as minhas amigas começam a falar seus pesos que eram em torno de cinquenta a sessenta, eu me sentia constrangida por pesar quase setenta. Isso sempre me incomodou mas nem por isso eu tive anorexia ou bulimia, eu só parava de comer de vez em quando mas era difícil ver aquele brigadeiro e não comer, e no final do dia eu me culpava por ter perdido para o doce.
  Quando eu me pesava eu repetia inúmeras vezes para si mesma que a culpa do meu peso ser maior que as minhas amigas era porque sou alta, portanto meus ossos são maiores, e ossos pesam; e elas são baixas, ou seja, ossos pequenos, que pesam menos. Mas logo depois me condenava por possuir 14 anos e estar na quase na faixa dos setenta.
  Alguns meses depois eu comecei a namorar, com isso, passei a querer ficar melhor para o meu namorado, afinal, eu sempre tive medo de que ele me deixasse por simplesmente não gostar do meu corpo, coisa pelo o qual ele nunca ligou. Um belo dia, eu resolvi que pararia de comer para chegar no peso das meninas que me cercam e no mesmo modelo de barriga delas, afinal, na minha cabeça sempre foi incogitável a ideia do meu namorado me ver de biquíni com essa barriguinha de brigadeiro. Eu comecei cortando os meus doces, o que em primeiro momento me fez muito bem pois eu andava sentindo muito enjoo ao longo do dia devido a quantidade de açúcar que eu ingeria. Depois eu comecei a cortar a minha janta. E sei que no final eu passava o dia apenas com o almoço, já que nunca fui de tomar café da manhã, nem o da tarde. Foi quando eu perdi treze quilos e quase matei a minha família com a finura dos meus braços. Para mim foi um alívio, pois finalmente tinha chegado ao peso das minhas amigas e não teria mais vergonha de tomar um belo banho de piscina com o meu amor. Mas foi aí que tudo começou a dar errado.
  Primeiro foi que a pessoa em que eu pensaria que agradaria ficou muito mal quando me viu quase ‘’desnutrida’’ e triste pois ele nunca se importou com o meu corpo, e sim, com o que sou. Depois, veio a minha família que quase teve um infarto com o tanto de peso que eu perdi. E em seguida vieram as doenças, tonturas e etc., ou seja, minha vida se tornou um caos.
  Um dia, antes de tomar banho parei para me olhar no espelho e me deu vontade de chorar com o que me deparei. Eu havia virado pura pele e osso. E infelizmente, ainda possuía um pouco da minha barriguinha de doces lá. Minha vontade era de chorar para sempre. Desde esse dia eu coloquei um propósito na minha vida de que nunca mais me deixaria de lado para seguir um padrão, ou para agradar alguém. Desse dia em diante, eu resolvi me amar, possuindo os quilos que fossem, ou a barriga que fosse, afinal, o que importava mesmo era o que eu trazia comigo.
  Faz mais ou menos um mês em que voltei com a minha alimentação mas ainda não recuperei tudo o que perdi, e as vezes, acabo até perdendo um pouco mais por puro capricho, mas eu pretendo passar por isso. Eu ainda não amo totalmente o meu corpo pois ainda me olho no espelho e vejo um esqueleto mas juro, que se eu chegar novamente aos meus quase setenta ficarei muito feliz e ainda terei muito orgulho de falar que a minha barriguinha ‘’sexy’’ é resultado de muitos brigadeiros de panela em momentos que eu simplesmente resolvi me amar e me aceitar do jeito que sou.

5 comentários:

  1. Desejo que você tenha força para recuperar sua saúde e seja cada dia mais feliz consigo! :))

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  2. Ei mocinha! Não acredito que você se rendeu pelos rótulos sociais que nós mulheres devemos ser magras, altas, sem barriga e cintura fina e seios fartos. Nós mulheres somos um conjunto de incertezas e imperfeições, nosso corpo é uma simples camada de pele que esconde nosso coração e cérebro (aliás, esses dois você deve manter sempre em dia, alimentá-los bem, com amor e livros!). Jamais se deixe abalar porque seu cabelo não é o que as capas de revistas dizem e nem se deixa abalar por uma simples gordurinha inconveniente. Quem não tem uma gordurinha aqui ou ali? Ou aquela estria chata?
    Você é linda. Sim, linda. Todas nós somos. E vamos achar alguém que admire nosso corpo tanto quanto a gente, porque sem amor próprio não podemos exigir amor do próximo!

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    1. Ah, minha Maju, que alegria em te ver por aqui e mais ainda em ler isso! Obrigada por tudo e principalmente por estar sempre por perto! Te amo incondicionalmente!

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