Título: Mentirosos
Autor(a): E. Lockhart
Editora: Seguinte
Páginas: 272
Classificação: 💜💜💜💜(4/5)
Onde comprar: Americanas, Saraiva, Submarino e Amazon
Sinopse: Cadence vem de uma família rica, chefiada por um patriarca que possui uma ilha particular no Cabo Cod, onde a família toda passa o verão. Cadence, seus primos Johnny e Mirren e o amigo Gat (os quatro "Mentirosos") são inseparáveis desde os oito anos. Durante o verão de seus quinze anos, porém, Cadence sofre um misterioso acidente. Ela passa os próximos dois anos em um período conturbado, com amnésia, fortes dores de cabeça e muitos analgésicos, tentando juntar as lembranças sobre o que aconteceu. "Emocionante, bonito e devastadoramente inteligente, 'Mentirosos' é absolutamente inesquecível." - John Green, autor de "A culpa é das estrelas" "Uma história assombrosa sobre como as famílias vivem suas próprias mitologias. Triste, maravilhosa e real." - Scott Westerfeld, autor de "Feios".
''Não importa se o divórcio retalha os músculos do nosso coração a ponto de mal conseguir bater sem esforço. Não importa se o dinheiro do fundo de investimento está acabando, se as faturas do cartão de crédito não são pagas e se acumulam sobre a bancada da cozinha. Não importa se tem um monte de frascos de comprimidos sobre a mesa de cabeceira. (...) Somos Sinclair. Ninguém é carente. Ninguém erra.''
Em Mentirosos conhecemos a família Sinclair. Uma família onde ninguém erra, ninguém sofre, ninguém perde. Eles sempre estão sorrindo, sempre estão por cima. E passam todas os verões em uma ilha particular próxima à costa de Massachussets.
Quem nos acompanha na história é Cadence, a neta mais velha. Ela foi criada para ser a melhor em tudo que faz ou cogita fazer - assim como todos da família. Mas com um carga de responsabilidade ainda maior por ser a primogênita entre as filhas de seus avós, e assim, tendo nas costas o fardo de que grande parte da herança da família ficará com ela. Mas não é isso que a menina quer.
A cada verão, os Sinclair se encontram em sua ilha, onde mostram para o mundo todo poder que detém e como são perfeitos. Só que claro, há milhões de coisas em baixo dos panos. Por trás temos uma família desestruturada emocionalmente, adultos que lutam por poder e dinheiro, adolescentes perdidos e com vontade de queimar tudo, e crianças desorientadas.
"Se você quiser viver em um lugar onde as pessoas não tenham medo de ratos, deve abrir mão de viver em palácios."
Até o verão dos 15 anos de Cadence as coisas costumavam ser calmas, mas tudo muda quando a idade vai aumentando e os interesses deixam de ser ficar na praia o dia todo com seus primos Johnny e Mirren, e Gat - um amigo -, que juntam são intitulados pelos ''Mentirosos''.
Quando as máscaras da família caem para os jovens, as coisas saem um pouco do controle e o resultado é um acidente de Cadence, que volta para a ilha dois anos depois com sequelas, traumas, enjoos, dores fortes de cabeça e perda de memória. Essa volta para o lugar que até anos atrás era calmo e ajudava a espairecer a cabeça, traz uma dor muito maior, pois ela se encontra com a verdade e entende o que de fato aconteceu naquele verão dos seus 15 anos.
''Nossa juventude está enfraquecida, não vamos desperdiçá-la. Lembre-se do meu nome porque fizemos história.''
No começo, eu não dava nada pelo livro. Comecei a ler por indicação de uma amiga e o primeiro capítulo até me prendeu, mas depois foi desandando pois achei que viria mais um romance enquanto eu esperava uma ''senhora história''. Deixei o livro de lado e fui me entreter com outras narrativas, até que lembrei de Mentirosos e resolvi retomar a leitura. Foi quando tudo aconteceu.
Esse foi um livro que realmente me prendeu. Virei a noite para chegar ao final e saber o desfecho da história, e quando cheguei lá, eu só fiquei parada, sem saber mais o que fazer. É engraçado como algumas folhas juntas com palavras dentro nos mudam, não é mesmo?
Nem sei dizer o que gostei mais, ou o que me deixou mais animada, ou o que mais mexeu comigo. Acho que para começar, tem o fato de os Mentirosos serem jovens críticos, não do tipo ''vamos mudar o mundo em um dia'' - como eu costumo ser -, mas eles terem a consciência das coisas que acontecem em suas famílias e compactuarem com tais ideias. Isso já me deixou em êxtase.
''Eu fico lá deitada e espero, e me lembro repetidas vezes de que a dor não dura para sempre. De que outro dia vai chegar e, depois dele, mais um. Qualquer dia desses, vou me levantar e tomar café da manhã e me sentir bem.''
Depois veio Gat. Gat que desde o começo mostrou-me o seu lado revolucionário que logo de cara fez o meu se encantar. Gat que muitas vezes amei e odiei ao mesmo tempo. Gat que mostrou-me ser parecido comigo em tantas partes que as vezes, me assustava, outras me entristecia. Esse personagem é incrível e entende-lo foi uma das partes mais difíceis de toda leitura - tem 5 dias que terminei o livro e até hoje não sei se o compreendi direito.
Também houveram as histórias soltas ao longo dos capítulos sobre reis, rainhas, princesas, ratos e etc. Muitas vezes me perdi tentando entender o significado das fábulas, outras eu lia e logo de primeira dizia ''é isso mesmo''.
E então, o desfecho. Sim, meus caros leitores, esse é o livro que você terá que chegar ao final para saber o que aconteceu. Quando você pensa que já entendeu tudo que se passou no verão dos 15 anos da Cadence, você vê que ainda há várias páginas pela frente e uma história que pode mudar a cada novo capítulo. E é isso mesmo que acontece.
''Nós pensamos. Conversamos. E se, dissemos, e se, em outro universo, numa realidade paralela, Deus apontasse o dedo e fulminasse Clairmont com um raio? E se Deus a incendiasse? Assim, puniria os gananciosos, os insignificantes, os preconceituosos, os ordinários, os cruéis. Eles se arrependeriam de seus feitos. E, depois disso, aprenderiam a se amar novamente. A abrir sua alma. Abrir suas veias. Apagar seu sorriso falso. Ser uma família. Agir como uma família. Não era algo religioso, da maneira como pensávamos. Mas ao mesmo tempo era. Castigo. Purificação pelas chamas. Ou ambos.''
Quando você chega ao fim dessa narrativa, fica meio perplexo, meio parado, sem saber o que fazer. Juntando os fios e tentando entender o que realmente aconteceu. A verdade está toda ali na sua frente, mas será que os seus pensamentos estão mesmo certos sobre o ocorrido? E como foi que certas coisas ficaram ali? São muitos questionamentos que até chegam a pedir uma continuação, mas boa história mesmo é aquela que sabe quando tem que acabar.



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