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26/12/2016

Tua


Uma vez conheci um casal de amigos que se enquadrava na música Ainda É Cedo, um dos títulos mais famosos da tão famosa Legião Urbana. Eles tinham uma amizade de se invejar, do tipo que um cuida do outro e está presente em todos os momentos. Por um tempo eu tive a graça de acompanha-los mais de perto e sempre me perguntava se eu seria a Aninha – inspiração de Renato Russo para a letra – da vida de alguém. Até que um certo dia aconteceu.

Nós tínhamos um banco que era um refúgio e todas as noites, enquanto perambulávamos pelas ruas desta pequena cidade do interior, acabávamos sempre no nosso banco. Nosso lugar na cidade. Quando se passava por ele de dia parecia um banco sem graça do centro da cidade, mas a cada noite em que ele era nosso, sua magia crescia. Ali nós rimos, choramos, abraçamos e fomos aconchego uma para a outra. Conhecemos pessoas, confidenciamos segredos ou só ficamos sentadas vendo os carros passar logo a nossa frente.

Percebi que melhor do que ser a Aninha de alguém, é ter uma Aninha na sua vida. Também descobri que ela poderia ser muito mais do que uma musa da Legião, poderia ser do duo ANAVITÓRIA, daquela poesia de Drummond, uma música de Chico e a minha própria musa.

Eu, escritora, louca para transforma alguém em poesia. Ela, menina, louca para ser rima.

E assim nossos dias seguiram. Toda vez que as coisas apertavam um pouco mais, íamos para o nosso ponto de paz. Por mais que fosse no centro da cidade, a calmaria tomava conta daquele lugar e todo cosmos conspiravam a favor dos nossos pequenos momentos.

Hoje, digo que teu jeito rima com o meu, o tom albino da tua pele me contrasta e que tu é o ser mais bonito que eu tive a chance de conhecer. Agradeço por ter me ensinado quase tudo que eu sei. E sempre que precisar ir para reconhecer-se de volta, saiba que estarei aqui a te esperar. No mesmo banco, no nosso lugar. Pronta para lhe abraçar e dizer: que bom ser uma só com você.

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