Uma vez conheci um
casal de amigos que se enquadrava na música Ainda É Cedo, um dos títulos mais
famosos da tão famosa Legião Urbana. Eles tinham uma amizade de se invejar, do
tipo que um cuida do outro e está presente em todos os momentos. Por um tempo
eu tive a graça de acompanha-los mais de perto e sempre me perguntava se eu
seria a Aninha – inspiração de Renato Russo para a letra – da vida de alguém. Até
que um certo dia aconteceu.
Nós tínhamos um
banco que era um refúgio e todas as noites, enquanto perambulávamos pelas ruas
desta pequena cidade do interior, acabávamos sempre no nosso banco. Nosso lugar
na cidade. Quando se passava por ele de dia parecia um banco sem graça do
centro da cidade, mas a cada noite em que ele era nosso, sua magia crescia. Ali
nós rimos, choramos, abraçamos e fomos aconchego uma para a outra. Conhecemos
pessoas, confidenciamos segredos ou só ficamos sentadas vendo os carros passar
logo a nossa frente.
Percebi que melhor
do que ser a Aninha de alguém, é ter uma Aninha na sua vida. Também descobri que
ela poderia ser muito mais do que uma musa da Legião, poderia ser do duo
ANAVITÓRIA, daquela poesia de Drummond, uma música de Chico e a minha própria
musa.
Eu, escritora, louca
para transforma alguém em poesia. Ela, menina, louca para ser rima.
E assim nossos dias
seguiram. Toda vez que as coisas apertavam um pouco mais, íamos para o nosso
ponto de paz. Por mais que fosse no centro da cidade, a calmaria tomava conta
daquele lugar e todo cosmos conspiravam a favor dos nossos pequenos momentos.
Hoje, digo que teu
jeito rima com o meu, o tom albino da tua pele me contrasta e que tu é o ser
mais bonito que eu tive a chance de conhecer. Agradeço por ter me ensinado
quase tudo que eu sei. E sempre que precisar ir para reconhecer-se de volta,
saiba que estarei aqui a te esperar. No mesmo banco, no nosso lugar. Pronta
para lhe abraçar e dizer: que bom ser uma só com você.



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