[Leia ao som de Lanterna dos Afogados.]
Já escrevi esses textos inúmeras vezes. Joguei alguns papéis fora e amassei outros. Afinei diversos lápis e minha mesa ficou cheia de pó de borracha. Pensei em inúmeros títulos e nada dava certo. Mas eu precisava passar para o papel a loucura que é crescer.
Quando completei 15 anos o mundo se tornou mais colorido. Nós, meninas, crescemos com o pensamento de que os quinze anos sempre serão mágicos, afinal é movido por uma grande festa, paparicos e a transição de jovem para a mulher. Uma grande besteira. Sim, meus quinze anos foram mágicos, mas eu quem quis que eles fossem assim. Não tive uma grande festa, mas tive diversas comemorações onde fui rodeada pelas pessoas que mais amo. Cresci, conheci gente nova e mudei alguns pensamentos, até mesmo um namorado eu arrumei. E estava tudo bem, afinal eram apenas quinze anos, aquela idade onde você não é nova demais, nem velha demais.
Com os 16 veio a responsabilidade. E mais uma enxurrada de novos pensamentos e gostos. Não sei o que aconteceu, mas política passou a ser muito mais interessante do que Justin Bieber. E os confins do meu quarto eram pequenos comparado ao grandioso mundo que encontrava sentada em um banco qualquer da minha cidade falando sobre coisas aleatórias com uma amiga. Meu namoro terminou pela segunda vez e isso me fez crescer de alguma forma. Mais uma vez transformei a dor em palavras e escrevi muito mais. Cresci aos poucos e fixei vários pensamentos, vi quais são minhas verdades e do nada, me vi sendo convidada para sair e conversar sobre o processo de Impeachment, ao invés de um sorvete na praça para ver garotos. Foi um grande ano. Ele marcava o começo de uma fase adulta, mas ainda não ''tão lá'', compreende, caro leitor? Afinal ainda faltavam dois anos para os dezoito.
Agora eu me encontro com 17 anos. Faz apenas 3 meses que tenho dezessete e eu só consigo pensar em como é duro crescer. Logo eu, que sempre quis ser independente e cuidar das minhas coisas sozinha, me encontro perdida e desesperada com a quase chegada da minha maior idade.
Tanta coisa mudou dos dezesseis para os dezessete que nem sei dizer. Gostos, contragostos e forma de pensar. Ao meu ver sou uma pessoa bem melhor e não poderia estar mais feliz com o que venho me tornando. Mas ao mesmo tempo me encontro assustada e com medo do futuro. Logo a menina que sempre teve todos seus passos planejados e listados, encontra-se um pouco perdida. Talvez muito. Tenho certeza que extremamente.
Tenho passado algumas noites em claro pensando sobre o futuro. Algumas tardes chorando ao som de Lanterna dos Afogados. Umas aulas de química escrevendo textos sobre a vida. E uns finais de semana enfiando a cara na matemática, sendo que detesto números. Sempre tenho crises existências e me pego perdida a cada novo abrir de olhos.
Ás vezes sinto que me falta o ar e parece que o mundo está prestes a acabar. Em outras estou tão preenchida que posso dar uma volta ao redor do globo e voltar.
Crescer é um misto de sentimentos profundos que quando chegam parecem que vão durar para sempre, quando na verdade duram apenas uma noite. É desejo, medo, felicidade, angústia, tristeza, euforia e melancolia. Há dias que quero abraçar o mundo e outros que não quero passar da porta do meu quarto.
É descobrir um novo universo a cada momento. É ter o mundo em suas mãos e senti-se perdido, afinal tudo depende de você daqui pra frente. Não há garantias de que sua escolha seja a correta e todos os planos que tivera até hoje vão para os ares com uma simples notícia.
Veja só, caro leitor, só nesses dois anos eu já troquei jornalismo por história, história por letras e letras por história de novo. Eu já quis ser presidente da república, como já quis ser uma atriz. Eu escrevi inúmeros textos de amor, mas escrevi ainda mais textos sobre a vida. E no meu Spotify ainda toca Justin Bieber e qualquer outro cantor POP, mas a cada dia que passa Vinícius de Moraes, Tom Jobim, Caeteno Veloso, Legião Urbana, Paralamas do Sucesso, Cássia Eller, Elis Regina e outros diversos cantores tem tomado conta da minha playlist. Agora eu converso com escritores nas redes sociais e vou para casa dos meus professores bater um papo, enquanto comemos alguma coisa. Deixei de ser a garota que defendia ídolos nas festas de família, para ser quem defende sua opinião política, numa intensidade que nunca vi.
Só enquanto eu escrevia esse texto me perdi inúmeras vezes entre sentimentos e emoções, e isso está bem claro a cada nova frase. Meu Deus, como crescer está me enlouquecendo. Como essa ansiedade dos quase dezoito está girando meu mundo em 360º graus a cada segundo.



Ah esse texto.
ResponderExcluirÉ exatamente o que tenho passado desde meus 13 ou 14 anos, as coisas foram mudando e simplesmente começaram a mudar em uma velocidade enorme, de repente me encontro hoje, aos 20 anos, fazendo planos para entrar na faculdade, cuidando da casa e da minha gata, morando com meu namorado, logo eu que não queria "casar". A vida muda... Ainda bem que muda.
É normal, tenha calma, as coisas acontecem no seu tempo, no tempo que tem que acontecer. As coisas passam e no final, a escolha que você faz é sempre a melhor.
Pink is not Rose
Carol, nunca vou me cansar de dizer o quão feliz sou a cada novo comentário seu. Me sinto próxima com suas palavras e meu coração sente-se ''em casa'', por saber que inúmeros dos meus conflitos também são seus.
Excluir''É normal, tenha calma, as coisas acontecem no seu tempo, no tempo que tem que acontecer. As coisas passam e no final, a escolha que você faz é sempre a melhor.''
Obrigada por isso, obrigada por existir e por ser presente! <3
Beijos, Ju.