Ontem antes de dormi eu decidi que hoje, quarta feira, seria o dia que eu voltaria a passar horas estudando igual antes das férias. Não tinha erro, estudaria a noite e descansaria à tarde. Não tinha como dar errado, certo? Errado!
Essa semana no curso de inglês estamos falando sobre profissões e faculdade e minha professora perguntou quais eram nossos planos, bem, nossos planos são estudar. E ela perguntou: "estudar para quê? O que você quer ser?"
E metade vacilou em responder medicina, houve sussurros sobre direito e no fim todos deram de ombros e disseram não saber ainda. E ela finalizou dizendo: "Vocês estudam tanto e nem sabe ainda para o que estão estudando!"
E assim, em tom brincalhão e descontraído, ela fez a interrogação interna brilhar, latejar e doer. Passamos tardes e noites estudando, mãos com calos, mesa cheia de pedaços de borracha, botões de calculadoras gastos e no fim das contas nem sabemos ainda o que queremos fazer, o motivo de tanta horas se dedicando, esgotando, se matando aos poucos. Há quem diga que gosta de estudar, eu até me arrisco a dizer que gosto, mas também digo que me mata aos poucos, arrebenta minha mão, minha cabeça roda, dói e por fim pede um tempo.
Afinal de contas, o que é essa obsessão de estudos, vestibular, faculdade, medicina, dissertação que criamos? Que tipo de ensino estamos aprendendo? Como aplicamos o conteúdo de física em nossas vidas, como interpretar aquilo além das fórmulas de variação? Porque nas provas eles querem fórmula, só. "Fórmula, dez, correto, não fez mais que sua obrigação, boletim azul, desenvolvimento, conclusão, faculdade" é isso que se escuta dos professores, da escola, de todos.
Que tipo de pessoas nos tornamos quando viramos noites pra dar conta do conteúdo de química e filosofia, o que acrescenta a pessoa em si saber ou não saber identificar o coeficiente linear?
Afinal de contas, apesar de toda propaganda, que tipo de estudantes estão se formando?
Voltando para mim, não estudei hoje. Quando abri minha agenda descobri um trabalho gigante de biologia que me consumiu duas horas e trinta e sete minutos. Hoje eu devia estudar física e geografia, devia ler e copiar, devia esgotar meu corpo um pouco mais, só pra poder, TALVEZ, me sentir mais preparada para o ENEM, a prova que te mata em dois dias e te faz ressuscitar pra te matar mais lentamente com os resultados.
É assim que ando no ensino médio, meio morta, meio no automático. Decorando fórmulas, fazendo as redações, estudando sobre MST, revolução verde, energia cinética, artrópodes, dilatação linear, socialismo e qualquer outra coisa que é tão tão tão importante que eu não consigo lembrar agora.
Só concluo dizendo que hoje está calor demais, meu cérebro tá cansado demais, minhas costas pedem por um colchão, eu me sinto mal após fazer exercícios de vestibular e me sinto cada dia mais menos confiante quando estudo biologia, a reflexão que trago pra você é, que tipo de ensino você está praticando? Você, assim como eu, se desgasta pra aprender um pouco mais, se sente cansado depois de tanta conta e você sabe no seu fundo que não é preguiça, é simplesmente exaustão de tanta matéria que você PRECISA pra passar em uma prova de dois dias no fim do ano? Como se a prova definisse toda sua educação, é assim que você quer se formar?
E vou além, como anda sua saúde mental?
Aposto que bem mal, igual a minha.
Bem vinda ao clube da luta diária pra descobrir sua profissão e no meio do caminho ter crise de ansiedade, pânico, noites de choro e exaustão, porque aparentemente, o sucesso vem da dor e do "esforço".
É só isso mesmo, agora eu vou deitar e me sentir só um pouco culpada por não ter usado o Descomplica hoje e amanhã ir pra escola e fazer tudo de novo.



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