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09/05/2016

Uma carta para Han


Querida Han,

Digo pra você que estou cansada de ser definida pelo simples fato de estar no “auge da juventude”. Sim, cansei. Cansei de desculpas para meu comportamento ou pensamento ser justificado pela minha rebeldia jovial. De falarem que estou tentando provar alguma coisa a alguém, de estar tentando chamar atenção. Chamar a atenção de quem? Do garoto que mora do outro lado da rua? Da bela garota de cabelos vermelhos que sempre sorri e olha por tempo demais nos meus olhos? Quem são essas pessoas? Qual a importância delas na minha vida? E novamente, chamar a atenção de quem?

Essas pessoas que morrem de paixão várias vezes ao mês e continuam vivas, esses meninos que começam a agir bobamente pra encostar seus lábios nos lábios de garotas de cabelos vermelhas e essas mães que deixam essas crianças brincarem de casamento várias vezes aos dias. Me diga Han, por que tudo isso é justificável por estarmos na juventude? Me fala Han onde é que tá escrito que eu posso errar e tirar como lição que é “coisa da idade?”.

Han, observei um grupo de amigos ontem, duas garotas e três garotos. As meninas risonhas, usavam suas roupas mostrando as coxas e cabelos presos, seus amigos contavam piadas e comiam doces. De vez em quando, quando um determinado amigo acabava de mastigar ele puxava a saia das amigas pra baixo, ele dizia “não mostra essas coxas não, a roupa esta curta, não vem exigirem respeito depois!” e elas levantavam mais ainda as saias. O outro amigo, o único que comia chocolate dizia “essas meninas já acham que sabem quem são e por isso já se vestem assim, deixa elas. A vida vai mostrar pra elas o tamanho da saia delas!” e as meninas fecharam a cara e saíram de perto deles, foram comprar outra coisa e não as vi mais durante a noite.

Você percebeu Han? Como os homens tentam controlar? Ditam o tamanho de nossas roupas e se você ousa questionar eles argumentam que a vida vai consertar a gente. Han, eu não quero uma vida assim. Eu não quero viver sob uma régua têxtil, não quero viver com cada passo e fala que dou sendo justificada pela minha idade. Han, qual a graça de ser jovem mesmo? Você tá se virando bem ai? Como está o frio na sua nova cidade? Dá pra usar saias mostrando as coxas?

E sabe o que mais Han? A escola agora quer da outra palestras sobre drogas e prostituição. Quer falar que isso não é vida pra gente, mas Han, como é que essa gente foi parar nessa vida? Me explica, como é que com tantos avisos as pessoas tendem a desobedece-los? E por fim, conte-me Han, como é que você faz pra fugir desses rótulos da juventude e dessa regra sobre o tamanho da sua saia? Me ajuda Han, me ajuda.


Com Carinho, Pã.


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