De Virginiana para Virginiana

De virginiana para virginiana, venho dizer que lhe entendo. Sério, divido com você os pesos, os medos, e o horóscopo. Sinto na pele o caos dos detalhes que tanto aprecio e, que para mim, representam tudo. Um tudo desorganizado a olhos nus de almas cobertas de julgamento. Não se melindre, vivo perdida em meus labirintos de emoções metódicas que fazem doer e, ao mesmo tempo, aquecer o coração. Meu habitat não é arrumado por cor ou lugares pré-estabelecidos, meus cadernos são riscados até na contracapa. Minha bagunça por fora é minha ordem de dentro. E isso, só quem divide a graça de ser a gente entende.

Critico mesmo, às vezes sem querer. Meu olho é radar de defeitos, minha língua é mais afiada do que gostaria. Tenho uma impulsividade paradoxalmente precavida. Claro que me arrependo. De muita, de tanta coisa que nem ouso declamar. Mas nem só de êxitos ou orgulhos se fazem vidas. Talvez só a dos grandes heróis e mocinhas, sempre irritantemente certos e dóceis. Mas a dor faz parte do mar de emoções que eu e você escolhemos mergulhar. Porque nós, virginianas, queremos viver a ferro e a fogo. Literalmente.

Eu sei que se a coisa sair do nosso controle, ela certamente vai degringolar. O problema é que ninguém percebe, ninguém vê, ninguém entende nossa necessidade de ter as rédeas nas mãos. Não é egoísmo, e nós sabemos disso. É uma vontade de ser. Ser mais que nós mesmas, ser humana, ser viva. E cá entre nós, confiar não é tarefa fácil, longe disso! Nossa desconfiança está escrita nas estrelas, bem ao lado do nosso medo. E isso, só nós sabemos, cansa demais.

E por fim, queria simplesmente lhe dizer que entendo sua mente bagunçada, suas palavras escolhidas e seus sentimentos desvairados. Mas que isso fique só entre nós. De virginiana para virginiana.