Eu percorro todas essas ruas em busca de você. Digo que saí para me distrair mas a verdade é que estou em busca de uma mínima lembrança de você. Uma mínima lembrança de nós.
Lembra dos nossos beijos em volta do chafariz? E de quando corremos da chuva na rua da sua casa? E quando nos escondemos entre as sombras que árvores projetam a noite para sentir a respiração do outro de mais perto e assim nos calar com nossos lábios? Lembra de quantas vezes você já me guiou através de todas essas avenidas para que eu e o meu jeito distraído de ser não fossemos atropelados? Lembra das vezes em que quis me matar por eu sair andando na frente em meio a essas pessoas nada apressadas que dividiam não só a calçada conosco como a vontade de saber o que acontecia com o casal? Lembra das gargalhadas que já demos em meio a essas esquinas? E como esquecer dos quilômetros que eu o fazia percorrer todos os dias nesse trajeto que era me levar em casa após as aulas e depois correr para o outro lado da cidade, afinal, você tinha inglês...
Em meio a essas e inúmeras outras lembranças espalhadas por cada rua, cada esquina desta pacata cidade do interior eu me escondo, eu me encontro, eu me desmancho. Não há um dia que não reviva uma memória nossa. Não há um lugar por onde eu passa que não traga um pouco de você, um pouco de nós. Até mesmo esta velha ponte, na qual me encontro neste momento, me lembra você. E suas mãos firmes as minhas e suas palavras sussurrando baixinho para que apenas eu ouvisse: eu nunca te deixarei cair.



Nenhum comentário:
Postar um comentário