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08/12/2015

O Palco


Não descobri o teatro. O teatro me descobriu. Aliás, temos, eu e ele, uma história de amor engraçada, quase difícil de se acreditar. Sua essência chegou a mim primeiro, através dos casos contados por meus tios, das cantorias madrugadas afora, das gargalhadas e lágrimas distribuídas com a mesma naturalidade. Minhas primeiras personagens. Sofrimento era ouvir de minha mãe o convite para brincar com as outras crianças. Criança alguma tinha aquilo, eu queria ficar na beirada do piano, na sala grande repleta de uma deliciosa familiaridade, deliciando-me com toda sorte de lembranças e memórias, boas ou ruins, os olhos vidrados nas expressões. Encantador era o colo de minha bisavó, a cadeira de balanço a me embalar, a perna marcando o ritmo da música, de onde eu sentia e ansiava pelas emoções de cada um.

Cresci e o encanto pelos sentimentos cresceu junto. Nunca tinha ouvido falar em teatro, nem sabia do que se tratava. Filha única, a imaginação sempre foi a minha melhor amiga, junto com minhas avós que sempre criaram grandiosos espetáculos para mim e por mim. E no meio disso tudo, alguém disse, não me lembro quem, que a pequena interiorana de olhos grandes tinha “jeito de teatro”. A luz acendeu, a cortina se abriu, e meu espetáculo começou. Nos meus grandiosos e responsáveis seis anos, minha vida já estava decidida, meu caminho trilhado, e ai de quem me contrariasse. Só fui entrar em teatro anos depois. Caminhei como se estivesse em um santuário, cada detalhe sendo fotografado por meus olhos. Pela primeira vez, eu estava realmente em casa.

Tem um momento em que o mundo faz sentido, em que todo o meu arsenal de perguntas é respondido. Pisar em um palco é indescritível. O tempo para, o coração bate forte, o semblante muda; pisar em um palco é fazer a vida valer a pena, é sentir a felicidade sem barreiras ou obstáculos. Pisar em um palco é amar. É encontrar o próprio lugar, e querer fazer dele único. O palco é mágico. É um presente contínuo, um portal para a eternidade. O palco imortaliza, é a cura contra a morte tosca e doída. O palco cura a dor. Qualquer dor. O palco transforma. A ele, todo o meu melhor. A ele, todo o meu amor. 

5 comentários:

  1. Estarei sempre por perto, Lavínia. Seja nos bastidores, na ribalta ou na plateia, torcendo pelo seu sucesso, admirando seu desempenho ou aplaudindo seu trabalho!
    Deus a abençoe!

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  2. Meu amor, os palcos têm muita sorte em te conhecer, pois vc é o verdadeiro espetáculo! Não canso de me orgulhar! Muito amor...❤️��

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Lavínia, sempre estarei torcendo por vc., onde for, pode ser no teatro em alguma escola em fim na vida. adorei o texto.bjs

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