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01/10/2015

Lucas

  Eu estava apreensiva, ele chegaria a qualquer momento. E quando digo a qualquer momento, era qualquer momento mesmo. A sala estava cheia e todos estavam ali por alguma coisa, talvez, pela banda que chegaria. Eu não sei ao certo mas eu só queria era vê-lo.
  Acho que apenas eu estava ali por ele, ou pela a imagem que criei dele na minha cabeça.
  A porta se abriu e entraram três garotos mas nenhum deles me chamará a atenção, afinal, não eram ele, não eram o meu tão aguardo presente, não era o meu Lucas.
  A porta se abriu novamente e um vento frio entrou, junto com várias outras pessoas e gelou o meu coração pensando na possibilidade de que ele não pudesse comparecer.
  Eram meados de agosto de 2009. Naquele exato momento eu não sabia onde estava, talvez bem próxima a Curitiba. Também não sabia o que fazia. Tudo aquilo fora fruto de uma enorme vontade de conhecer Lucas com que eu acordara a semanas atrás, agora nem sei se tão grande assim devido ao frio e os perrengues que passei para chegar até ali.
  Meu celular apitava dizendo que a bateria estava fraca. Eram 22:00 horas do dia 1º de agosto e eu estava ali, esperando por Lucas. Rezando para que ele chegasse.
  Eu não tinha ideia do que falaria, nem se ele me reconheceria e qual desculpa daria para ter sobrevoado todos esses quilômetros em sua direção sendo que nem eramos tão próximos assim.
  O local enchia cada vez mais e mais, pessoas de todos os tipos e sabores. E no meio daquela multidão eu ainda aguardava a chegada de Lucas.
  O conheci pela internet. Sabe aquela história de que a tecnologia tem encurtado as distâncias? Pois então. Ele possuía o sorriso mais lindo de todos. Amava fotografia e queria viajar o mundo. As vezes me contava alguns de seus sonhos. Outras vezes me matava através de mensagens enviadas do nada apenas para dizer ''boa tarde''. Eu sabia pouco dele e ele sabia apenas sobre as dores do meu coração, ah, e o lugar onde eu morava, o que queria fazer da vida, onde queria morar, meus desejos e alguns medos. Bem, isso não era culpa dele, eu quem falava demais mesmo.
  Lucas era um sonho.
  Foi quando entrou pela a porta um cara com a aparência de Lucas. Me olhara e com o olhar me chamara. Eu apreensiva fui ao seu encontro. Seu nome era Paulo.
  Nós sentamos em uma das milhares almofadas que estavam espalhadas no chão e conversamos, conversamos o resto da noite e o início e o meio da madrugada.
  Paulo me contara várias coisas como porque havia chegado ali, como era sua vida, quais eram seus medos e angústias, o que almejava. Me contara que tinha uma banda e que vivera nos EUA. Era sozinho e possuía no mundo apenas sua mãe. Enquanto ele falava eu só conseguia ficar quieta e ouvir. Paulo era uma pessoa que adorava falar, falava até mais que eu.
  Conversamos até as duas da manhã, quando o estabelecimento iria fechar e tivemos que sair. Sim, eu notara que Lucas não fora e isso esmagara meu coração mas Paulo ainda estava ali. Ainda estava ali me oferecendo uma carona em sua moto preta e me oferecendo sua jaqueta de couro tamanho era o frio e sem tamanho era o meu vestido.
  Acabei por aceitar e disse a Paulo que me levasse aonde ele quisesse pois naquela noite eu estava sem rumo.
  Foi quando acordei e vi que nada passara de um sonho. Eram cinco da tarde e eu estava deitada na minha cama, com muita dor no corpo, muita preguiça de levantar da cama e uma vontade imensa de ver Paulo. Seja lá quem fosse Paulo.
  Mas neste momento eu percebi que Paulo era Lucas, sim, Paulo era meu Lucas disfarçado de Paulo. E Lucas era meu amante de sonhos. Como ele entrou em meus pensamentos sabe-se lá Deus! Nós nem conversamos diariamente mas Lucas entrou. E que sinal era esse? Eu também não sabia.
  Naquele momento Lucas era meu sonho.
  Só sei que naquela tarde eu acordei um pouco mais feliz. Liguei o computador, escrevi um texto sobre Lucas e sobre o que acontecera. E depois corri para o banho, pois quando vi no relógio já eram seis horas e eu deveria estar na Igreja ás seis e meia.

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