Eu me levantei do
meu lugar de origem, essa velha cadeira com um estofado vermelho onde tenho
passado maior parte do meu tempo tentando me distrair e não pensar em você.
Levantei, tomei meu banho e deixei a água quente invadir o meu corpo. Nem me
importei se ela acabaria com o meu cabelo ou não, na verdade, eu nunca me
importo. Coloquei uma música para tocar e pela primeira vez não chorei com The
Scientist.
Saí do banho e
comecei a preparar aquele look que não sai da minha cabeça há dias. Aquele
vestido branco que você tanto gosta, minha jaqueta azul favorita e minha bota
nova. Eu estava animada, seria uma noite animada. Não com pessoas da nossa
idade mas seria. Minha primeira aparição depois do fim. E estava tudo indo tão
bem, menos pela a parte em que não encontrei minha jaqueta e minha bota estava
na minha mãe. Mas eu arrumaria um jeito para aquilo.
Olhei para o relógio
e dizia que ainda eram seis e meia, cedo, muito cedo. Resolvi trocar de roupa e
colocar meu velho short surrado e aquela camisa estampada rosa que você já viu
inúmeras vezes. Cuidei da minha alimentação, coisa que eu não costumo fazer com
frequência, nós sabemos. Mas fiz pois está noite prometeria. E olha, prometeu
tanto que me vi indo direto para o sofá assistir minha novela, mas disso você
não sabe, esse meu amor por novela cresceu logo depois do fim.
Depois da novela
achei um canal que passava HSM 3, claro que deveria assistir, mas a noite ainda
prometeria, ah, como prometeria. E ainda era sete horas, não haveria problema
algum. Dessa vez não chorei com o Troy e a Gabriela, acho que é porque não
peguei a parte em que cantavam Right Here, Right Now. Essa você conhece pois já
te mandei várias vezes o trecho dela, se lembra?! Pois bem.
Depois do filme
começou outro maravilhoso. Um Amor de Novela, lindo mas neste eu não prestei
muita atenção. Afinal, o Candy Crush estava mais interessante. Mas a noite
ainda prometia. Mesmo deitada naquele sofá, com meu edredom e alegorias, a noite ainda prometia. O filme acabou por
volta das dez e a noite deixou de prometer. Bem, na verdade, ela ainda
prometeu. Prometeu para todos que estavam ansiosos com o meu retorno que eu
nunca vou superar, prometeu que passe o tempo que passar, no final, eu ainda
vou escolher ficar em casa para pensar em nós. E novamente, aqui estou eu,
naquela cadeira velha com um estofado vermelho, escrevendo sobre nós. Pensando
em nós. Chorando por nós. Enquanto a noite promete.
Texto por: Julia Melo


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